Designação da Marinha Portuguesa
A Marinha Portuguesa é, também, referida como "Marinha de Guerra Portuguesa" ou como "Armada Portuguesa". Até à extinção do Ministério da Marinha, em 1974 os termos tinham diferentes significados. "Marinha" designava o conjunto constituído pela marinha mercante e pela marinha de guerra, ambas tuteladas pelo Ministério da Marinha. "Marinha de Guerra" designava a componente da Marinha dedicada à atividade militar. "Armada" designava o escalão mais elevado das forças navais, sendo, a Armada nacional, a totalidade das forças navais que constituiam a Marinha de Guerra da Nação. Portanto a Armada era, ao mesmo tempo, o ramo naval das Forças Armadas e a componente militar da Marinha. A partir de 1982, o ramo naval das Forças Armadas passou a ser, oficialmente, designado "Marinha", mantendo-se, contudo, o uso do termo "Armada" para designar alguns dos seus órgãos.
História
A Marinha Portuguesa tem uma história bastante antiga, que se liga à própria história de Portugal, aliás, a Marinha de Guerra Portuguesa é o ramo das Forças Armadas mais antigo do mundo, de acordo com uma bula papal. A primeira batalha naval da Marinha Portuguesa de que se tem conhecimento, deu-se em 1180, durante o reinado do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, ao largo do Cabo Espichel, quando uma esquadra portuguesa, comandada por D. Fuas Roupinho, derrotou uma esquadra muçulmana.
É o Rei D. Dinis quem decide, pela primeira vez, dar uma organização permanente à Marinha Real em 1312, sendo nessa altura nomeado o primeiro Almirante do Reino, Manuel Pessanha.
No final do séc. XIV, dá-se início à expansão ultramarina portuguesa que se irá manter até séc. XVI. A Marinha toma aí o papel principal, primeiro explorando os oceanos e depois combatendo as potências que se opunham ao domínio português. A partir daí, a Marinha Portuguesa passa a actuar em todos os oceanos do mundo, desde o Atlântico ao Pacífico.
Com a União Ibérica em 1580, a esquadra portuguesa é utilizada por Filipe I (Filipe II de Espanha) para combater os inimigos da Espanha. Na sequência dessa atitude os mais poderosos navios portugueses são incorporados na Armada Invencível, sendo muitos destruídos com ela. A partir daí a Marinha Portuguesa entra num período de decadência de que já só vai recuperar muito depois da restauração da independência em 1640.
No séc. XVIII, a Marinha Portuguesa floresce outra vez, até atingir o seu auge por volta de 1800. É nesse período que, sob o comando do Conde do Rio Grande, e obstinação do conde de São Vicente a esquadra portuguesa enfrenta a esquadra turca no Mediterrâneo que ameaçava o sul da Europa, na Batalha do Cabo Matapão em 1717.
A partir de meados do séc. XIX, a Marinha Portuguesa torna-se essencialmente uma Marinha Colonial, sendo a sua principal função o apoio às guerras de pacificação e ocupação dos territórios coloniais africanos.
Na 1ª Guerra Mundial, a Marinha Portuguesa actua sobretudo na escolta dos comboios de tropas que se dirigem para África e para a França e apoia as operações contra os alemães no norte de Moçambique.
Durante a 2ª Guerra Mundial a Marinha Portuguesa tem como função principal a garantia da neutralidade portuguesa. Nessa função destaca-se a protecção do estratégico arquipélago dos Açores. No final dessa guerra a Marinha participa na libertação de Timor da ocupação japonesa.
Com o início da Guerra Fria e a entrada de Portugal na NATO, a Marinha Portuguesa passa a dar prioridade à ameaça submarina do Pacto de Varsóvia.
A partir de 1961 a Marinha volta a dar novamente grande atenção a África, sendo parte activa na Guerra do Ultramar. Nesse período dá-se uma enorme expansão do número de corvetas, navios de patrulha e lanchas de desembarque destinados a apoiar as operações anfíbias. Nesta guerra destaca-se também a actuação dos fuzileiros navais em operações de assalto anfíbio e de protecção de comboios fluviais.
Com o fim da Guerra do Ultramar em 1975, a Marinha Portuguesa torna-se, pela primeira vez em quase 500 anos, uma marinha estritamente europeia, voltando a ter como atenção principal a ameaça naval soviética.
Desde o final do séc. XX, com o fim da Guerra Fria, a Marinha Portuguesa passou a ter como atenção principal o apoio às operações multinacionais e o combate ao terrorismo.
Estrutura
A Marinha compreende:
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- Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA),
- Estado-Maior da Armada (EMA),
- Órgãos centrais de administração e direcção (OCAD),
- Órgãos de conselho,
- Órgãos de implantação territorial,
- Elementos da componente operacional do sistema de forças,
- Órgãos do Sistema de Autoridade Marítima (SAM).
Chefe do Estado-Maior da Armada
O CEMA é o comandante da Marinha, sendo o principal colaborador do Ministro da Defesa Nacional e do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas em todos os assuntos respeitantes à Marinha. O Almirante CEMA é nomeado pelo Presidente da República, sob proposta do governo.
Estado-Maior da Armada
O Estado-Maior da Armada é um órgão de apoio do CEMA para o estudo, concepção, planeamento e inspecção das actividades da Marinha. O EMA é chefiado por um Vice-Almirante denominado Vice-Chefe do Estado-Maior da Armada, coadjuvado por um Contra-Almirante denominado Sub-Chefe do Estado-Maior da Armada.
Órgãos centrais de administração e direcção
Os órgãos centrais de administração e direcção (OCAD's) da Marinha são os seguintes:
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- Superintendência dos Serviços do Pessoal (SSP) da qual dependem:
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- - Direcção do Serviço de Pessoal (DSP)
- - Direcção do Serviço de Formação (DSF)
- - Direcção do Serviço de Saúde (DSS)
- - Direcção de Apoio Social (DAS)
- - Hospital de Marinha (HM)
- - Chefia do Serviço de Justiça (CSJ)
- - Chefia do Serviço de Assistência Religiosa (CSAR)
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- Superintendência dos Serviços do Material (SSM) da qual dependem:
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- - Direcção de Navios (DN)
- - Direcção de Abastecimento (DA)
- - Direcção de Infraestruturas (DI)
- - Direcção de Transportes (DT)
- - Arsenal do Alfeite (AA)
- - Direcção de Tecnologias de Informação e Comunicação (DITIC)
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- Superintendência dos Serviços Financeiros (SSF) da qual dependem:
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- - Direcção de Administração Financeira (DAF)
- - Direcção de Apuramento de Responsabilidades (DAR)
- - Chefia do Serviço de Apoio Administrativo (CSAA)
- Instituto Hidrográfico (IH),
- Direcção de Análise e Métodos de Apoio à Gestão (DAMAG) - Direcção de Análise e Gestão da Informação (DAGI).
Órgãos de Conselho
Os órgãos de conselho destinam-se a apoiar as decisões do CEMA em assuntos especializados e são os seguintes:
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- Conselho do Almirantado (CA),
- Conselho Superior de Disciplina da Armada (CSD),
- Junta de Revisão da Armada (JRA),
- Comissão Cultural da Marinha (CCM).
O Comando Naval é o Comando Operacional da Marinha, está directamente subordinado ao Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada e detém a responsabilidade pelo planeamento, coordenação, condução e controlo da actividade operacional da Marinha.
Do Comando Naval dependem:
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- Flotilha, da qual dependem:
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- - Esquadrilha de Escoltas Oceânicos,
- - Esquadrilha de Patrulhas,
- - Esquadrilha de Submarinos,
- - Esquadrilha de Helicópteros;
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- Comando do Corpo de Fuzileiros, do qual dependem:
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- - Base de Fuzileiros,
- - Escola de Fuzileiros,
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- Comandos de zona marítima, subordinados ao Comando Naval:
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- - Comando de Zona Marítima do Norte,
- - Comando de Zona Marítima do Centro,
- - Comando de Zona Marítima do Sul,
- - Comando de Zona Marítima dos Açores,
- - Comando de Zona Marítima da Madeira;
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- Forças e Unidades Navais:
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- - Forças navais,
- - Forças de fuzileiros;
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- Unidades Operacionais:
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- - Unidades navais operacionais,
- - Unidades operacionais de fuzileiros;
- Base Naval de Lisboa
- Centro de Instrução de Táctica Naval (CITAN)
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Órgãos de Implantação Territorial
Os órgãos de implantação territorial visam o apoio geral da Marinha e são os seguintes:
- Escola Naval
- Órgãos de natureza cultural:
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- - Museu de Marinha,
- - Planetário Calouste Gulbenkian,
- - Aquário Vasco da Gama;
- - Academia de Marinha
- - Biblioteca Central da Marinha
- Escola de Tecnologias Navais (ETNA) (ex-Grupos Nº1 e Nº2 de Escolas da Armada),
- Centro de Comunicações e Cifra da Armada.
- Unidades de Apoio:
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- - Unidade de Apoio às Instalações Centrais de Marinha
- - Unidade de Apoio ao Pessoal Militar do Arsenal do Alfeite
- Órgãos de execução de serviços, incluindo:
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- - Instalações Centrais de Marinha,
- - Instalações Navais de Alcântara,
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Os elementos da componente operacional do sistema de forças são:
- Comando Naval;
- Comandos de zona marítima:
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- - Comando de Zona Marítima do Norte,
- - Comando de Zona Marítima do Centro,
- - Comando de Zona Marítima do Sul,
- - Comando de Zona Marítima dos Açores,
- - Comando de Zona Marítima da Madeira;
- Forças:
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- - Forças navais,
- - Forças de fuzileiros;
- Unidades Operacionais:
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- - Unidades navais,
- - Unidades de fuzileiros,
- - Unidades de mergulhadores.
Órgãos do Sistema de Autoridade Marítima
São órgãos do SAM:
- Direcção-Geral de Autoridade Marítima;
- Polícia Marítima.
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Equipamento
As unidades navais armadas da Marinha Portuguesa recebem o prefixo "N.R.P." antes do respectivo nome, o qual significa "Navio da República Portuguesa". As unidades não armadas recebem o prefixo "U.A.M." significando "Unidade Auxiliar da Marinha".A Marinha Portuguesa está em fase de reequipamento, devendo receber em breve novas fragatas vocacionadas para a defesa antiaérea da esquadra. Estão também a a ser construídos novos navios de patrulha oceânica e novos submarinos. Será também iniciada a construção em Portugal do futuro Navio Polivalente Logístico, vocacionado sobretudo para operações anfíbias, com capacidade para transportar um batalhão de fuzileiros, lanchas de desembarque e helicópteros de assalto.
Actualmente a Marinha Portuguesa possui os seguintes navios:
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- Fragatas da Classe Vasco da Gama,
- Fragatas da Classe Bartolomeu Dias,
- Corvetas da Classe João Coutinho,
- Corvetas da Classe Baptista de Andrade;
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- Navios de Patrulha Oceânica da Classe Viana do Castelo (em construção)
- Navios Patrulha Costeira da Classe Cacine
- Lanchas de Fiscalização da Classe Albatroz
- Lanchas de Fiscalização da Classe Argos
- Lanchas de Fiscalização da Classe Centauro
- Lancha de Fiscalização da Classe Rio Minho
Submarinos
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- Submarinos da Classe Albacora
- Submarinos da Classe Tridente
Lanchas de Desembarque
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- Lancha de Desembarque Grande "Bacamarte"
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- Navios Escola e de Instrução Sagres, Creoula, Polar e Vega
- Navio Reabastecedor de Esquadra Bérrio
- Navio Balizador NRP Schultz Xavier
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- Navios Hidrográficos da Classe D. Carlos I,
- Lanchas Hidrográficas da Classe Andrómeda
Além das unidades acima referidas a Marinha Portuguesa possui um elevado número de pequenas embarcações de patrulha, de operações anfíbias e auxiliares.
Ligações externas
- Marinha Portuguesa, website oficial.
- Corpo de Fuzileiros de Portugal, website oficial.